top of page

ARTIGOS

artigo-1.jpg

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.   Jo 14:27

O verso acima, em seu contexto mais amplo, trata-se de Jesus antecipando e confortando seus discípulos em relação a sua partida.

 

Jesus estava preparando os seus discípulos, pois sabia que em breve não estaria mais com eles e esta ausência poderia dar-lhes cabo da alma.

 

Por isso, já nas primeiras palavras do capítulo 14 Jesus expressa “não se turbe o vosso coração”. Em outras palavras, não se desesperem diante daquilo que logo acontecerá, pois, ainda que estejam separados de mim por um tempo, logo nos reuniremos novamente para todo sempre.

 

No verso em destaque Jesus menciona algo que possivelmente os discípulos não assimilaram plenamente em um primeiro momento, já que o Mestre, em sua fala, sugere ofertar paz de forma distinta da que o mundo oferecia.

Imagino que diante desta afirmativa os discípulos possam ter se perguntado: que paz é esta? A que tipo de paz o mestre está se referindo?

 

O conceito de paz no mundo antigo estava diretamente associado a ausência de guerra, sobretudo quando consideramos que guerras e conflitos eram uma constante neste período.

 

Os Romanos reforçaram ainda mais este conceito com o estabelecimento da “Pax Romana”, uma expressão que propagava o ideal de que Roma por meio de sua força militar estava em condições de garantir estabilidade, segurança e tranquilidade por toda sua extensão imperial.

 

Os esforços Romanos obtiveram êxito se tivermos em consideração a paz resultante do ferrenho e despótico controle sobre as nações dominadas; sob a tutela de Roma a possibilidade de conflitos no império foi consideravelmente arrefecida.

Porém, embora por meio do poder e da força Roma mantivesse a “paz” em seus domínios, esta paz alcançava apenas a periferia existencial, os Romanos por um tempo conseguiram aquietar as reações, mas jamais obtiveram êxito em acalmar os corações.

 

A “Pax Romana” solucionou os motins reacionários entre revoltosos do povo, mas não foi suficiente para solucionar os motins e revoltas da alma.

 

A paz que Jesus estava ofertando aos seus discípulos, ao contrário da Paz Romana, trata-se de uma paz que se mantem apesar das guerras.

 

Jesus está afirmando aos seus discípulos que a paz que provem Dele tem o poder de gerar calmaria aos seus corações angustiados.

 

São Paulo em sua carta aos Filipenses capítulo 4 e verso 7 faz menção à paz de Cristo, qualificando-a como paz que ultrapassa toda compreensão, no sentido que a paz de Cristo não é uma paz coerente ao conceito primário de paz. Não se é possível conceber alguém em paz quando este está em risco ou perigo, ou enfrentando perseguições. Porém, a paz de Cristo ultrapassa os fortes muros dos medos e tribulações e repousa graciosamente na vida daqueles que a recebem.

 

Em Atos 12, Lucas tece uma interessante narrativa. Ele faz menção de um período em que Herodes decidiu perseguir e matar alguns dos membros da recente comunidade Cristã. Entre estes, ele matou a Tiago irmão de João e prendeu a Pedro a fim de também, em momento oportuno, estabelecer sobre ele pena capital.

 

O texto relata que Pedro foi preso em uma espécie de prisão de segurança máxima, sob a atenta vigilância de 16 soldados.

 

Em razão dos recentes acontecimentos envolvendo a morte de Tiago, por certo Pedro sabia o que estava lhe aguardando nas horas seguintes, muito provavelmente a morte.

 

Porém, esta realidade desafiadora não me parece, quando observada a sequência do texto, trazer pânico, temor ou receio ao apóstolo como era de se esperar. Ao contrário, quando observamos o texto mais atentamente, salta-nos um detalhe precioso encrustado no verso 6, “Quando Herodes estava para apresentá-lo, naquela mesma noite, Pedro estava dormindo...”. Esta expressão no texto, aparentemente casual de que Pedro estava dormindo, precisa ser considerada com devido cuidado.

 

Alguém antes da morte, em razão do estresse e da pressão, muito provavelmente não conseguiria manter-se calmo o suficiente para dormir, Pedro, porém está tomado de sono profundo de modo que o ser angélico precisa despertá-lo para que ele possa sair da prisão.

 

Como explicar o repouso do apóstolo em um momento tão adverso? Me parece ser adequado considerarmos que Pedro estava envolto pela paz de Cristo, a paz que excede todo entendimento.

 

Eis aí o contraste entre a “Pax Romana e a Paz de Cristo”. Uma depende da ausência de conflitos ou desordens para se estabelecer, a outra nos permite descansar mesmo em face as mais intensas pressões e desafios.

 

A oferta de paz nos moldes da “Pax Romana” permanece atualmente. Governos e pessoas em todo mundo buscam a todo custo por paz. Alguns adquirem propriedades privadas cercadas de todos os aparatos de segurança possível, governos aparelham e municiam suas forças militares a fim de garantirem paz em seus territórios.

 

Mas estes esforços não se mostram suficientes quando observado que os bilhões investidos em segurança garantem proteção e certa estabilidade, mas não propiciam paz à alma.

 

A boa notícia é que a paz de Cristo está disponível gratuitamente a todos quantos receberem Jesus. Ela não é uma garantia da ausência de problemas, perseguições ou desafios, mas é seguramente a certeza de calmaria enquanto passamos por eles.  

 

 

Rev. Edson Jr - March 2021

 

 

 

 

   

© 2024 Por LOGOS PUBLISHER.

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

bottom of page